5 dicas para comprar vinhos com desconto e garimpar ótimas oportunidades!, por Amandine Castillon

Dicas de como olhar para uma prateleira de vinho com desconto… E de como comprar os vinhos certos no meio das grandes promoções

Por Amandine Castillon

É claro que, como todo mundo, eu também compro vinhos em promoção! A diferença é que como Sommelière é mais fácil conseguir identificar claramente dois tipos de vinhos com descontos: os vinhos que valem a pena ser comprados, e o que não valem a pena de forma nenhuma.

E hoje eu venho compartilhar com vocês algumas dicas e técnicas que uso para adquirir belas garrafas em época de promoções! Vamos lá?

Uma promoção boa não é um desconto grande em cima do preço cheio da garrafa. E sim, uma boa oportunidade. As promoções são um bom momento para comprar safras mais antigas, vinhos mais maduros por um preço mais acessível.

Em boas promoções, podemos ter a chance de adquirir um Grand Reserva por um preço de um Reserva. Ótima oportunidade para aquele jantar romântico que você anda planejamento ou, para os que estão sozinhos, uma noite de Netflix na companhia do gato.

Por que uma promoção pode ser ruim?

Porque o vinho pode ser um pouco velho demais, ou seja, já está na sua curva de descida.

O vinho é um ser “vivente”, ele cresce, evolui, amadurece, atinge e o seu auge, e depois começa uma lenta curva descendente. Como o ser humano.

Os vinhos que já passaram, aqueles que estamos assistindo ao velório, costumam ser vendidos para restaurantes, para serem usados na gastronomia, no preparo de pratos clássicos como o Coq au Vin, o Boeuf Bourguignon ou um risoto de frutos do mar.

Portanto, a primeira lição é separar estes vinhos das boas oportunidades.

Dica 1: Procure pelo nome da vinícola

As argentinas Viña Cobos e Escorihuela Gascón são escolhas difíceis de erras. A chilena Koyle produz um biodinâmico ótimo, e com desconto se torna uma oportunidade imperdível, já que vinhos desse tipo costumam ser menos acessíveis. Já o francês Château L’Ou é da minha região, boto a mão no fogo pela sua qualidade!

Se você não conhece a vinícola, olhe o país e a região. Se tiver denominação de origem, melhor. Lembrando que no Novo Mundo, como no Chile, é mais importante o nome da vinícola do que o da região.

Dica 2: Observe se o vinho passou ou não por madeira

Se você não conhece a vinícola, olhe para o rótulo: é um Reserva ou não? Se não for, isso significa que o vinho não teve passagem por madeira. Se o vinho for um 2011 que não passou por madeira, ele não vai ter estrutura suficiente para poder envelhecer.

Agora, vamos supor que está escrito Reserva, eu não conheço o produtor e a safra é 2011 também. Reserva significa que o vinho passou pelo menos seis meses em barrica de carvalho. Ele vai ter uma estrutura boa para poder aguentar o tempo. Mas quanto tempo?

Um Pinot Noir, por exemplo, é uma uva que costuma durar menos tempo. Se você encontrar um Pinot Noir e um Cabernet Sauvignon na mesma safra, o Cabernet tem mais chance de estar pronto para beber e ótimo. Aqui deixo alguns exemplos de tempo de guarda:

  • Vinhos de consumo imediato: até um ano;
  • Sangiovese, Chianti e Chianti Classico, Brunello de Montalcino: de três a doze anos;
  • Douro, outros tintos portugueses: quatro a a doze anos;
  • Grenache / Garnacha, tintos do sul do Rhône: quatro a quinze anos;
  • Cabernet Franc: quatro a dezesseis anos;
  • Merlot do Velho Mundo, Bordeauxs da margem direita: quatro a dezoito anos;
  • Tempranillo, Rioja, Ribera del Duero: quatro a vinte anos;
  • Shiraz/Syrah, tintos do norte do Rhône: cinco a vinte e cinco anos;
  • Cabernet Sauvignon do Velho Mundo, Bordeaux da margem esquerda: de cinco a vinte e cinco anos;
  • Nebbiolo, Barolo, Barbaresco: dez a trinta anos.

Dica 3: Observe a garrafa

Principalmente o nível do vinho no pescoço da garrafa. Se o espaço entre o líquido e a rolha for muito grande, isso significa excesso de oxigênio e o vinho tem mais chances de estar oxidado. O ideal é cerca de três centímetros de distância.

Também procure olhar a parte debaixo da rolha, para ver se não tem depósito demais. Se o vinho é muito, muito velho, de 20 anos, é normal. Mas se o vinho tem três ou quatro anos, isso não é normal (ou significa que o vinho não foi filtrado, vale a pena procurar essa informação no contrarrótulo).

Não deixe de observar também o ambiente em que o vinho está sendo armazenado. As garrafas devem estar em local arejado, com regulação de temperatura. Se o supermercado costuma deixar as garrafas cada dia em um local de exposição diferente, isso também pode ser prejudicial, já que a luz e o movimento podem fazer o vinho estragar.

Dica 4: Ache os segredos bem guardados!

Procure por rótulos de grandes vinícolas, que receberam ótimas pontuações dos principais guias, grandes safras que estão chegando no seu auge, e rótulo renomados.

Dica 5: Compre de lojas que você confia na curadoria

As lojas que prezam pela curadoria de rótulos vão manter sua reputação acima de qualquer coisa, ou seja, não vão vender um vinho que não esteja em boas condições de consumo!

Aí não tem erro!


 

Amandine Castillon é Sommelière e Coordenadora de Produtos na Grand Cru, e está à frente da Grand École, nossa escola de vinhos. Nascida em Tolouse, no sudoeste da França, é especializada em vinhos da região de Bordeaux.

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