“First things first”, por Daniella Romano
As primeiras taças são assim mesmo, o início de um aprendizado (experiência) que levaremos vida afora. Que tal começarmos pelo começo?
Ainda lembro do meu primeiro contato com o vinho. Foi em um copinho de vidro, 1/4 de vinho e muita água e açúcar… eu não sabia de nada naquela época e, confesso, ainda me sinto uma aprendiz. Adoro quando descubro um rótulo novo, quando provo vinhos que nem sabia que existiam.
Mas passada a primeira experiência, começamos a aventura. E que aventura! Muitas vezes, surgem tantas dúvidas pelo caminho, não é mesmo? Beber vinho é muito gostoso, é fácil. Já entender de vinho nem tanto assim… Por isso, quando precisamos fazer uma escolha num restaurante, no supermercado ou mesmo para servirmos em casa, às vezes, nos sentimos desconfortáveis.
É preciso estudar, provar muito, viajar, estar sempre atento às novidades. Quem trabalha na área não para nunca! Notícia boa é que dá para aprender algumas regrinhas e dicas que podem ajudar bastante. E é isso que vamos fazer aqui, conversar sobre elas e dirimir todas as suas dúvidas.
Minha primeira dica é aprender a ler o rótulo do vinho – ele contém informações valiosas e saber decifrá-las pode descomplicar as escolhas e facilitar sua vida.
Os rótulos são diferentes entre si, não só esteticamente, mas também funcionalmente. Porém a grande maioria traz as informações mais importantes.
1. Nome da uva (neste caso, é a Pinot Noir). O vinho também pode ter sido produzido com mais de uma variedade de uva, e geralmente são indicadas as proporções de cada uma delas no contra-rótulo. Nem sempre, a uva vem estampada e algumas regiões que são muito tradicionais e só produzem vinhos com os mesmos tipos de uvas simplesmente não indicam o nome no rótulo. Ex.: os vinhos tintos da Borgonha são produzidos sempre com a Pinot Noir, mas a maioria dos produtores não especifica o nome da uva, menciona apenas Bourgone ou a Apelação de produção (região ³). Essa informação fica implícita.
2. Safra é o ano da colheita, nem sempre é o mesmo ano do engarrafamento. Em algumas regiões, como Bordeaux, a safra é muito importante porque indica as condições daquele ano: se choveu muito, se foi ensolarado, seco, etc. Esses fatores influenciam no resultado final do vinho, por isso existem safras consideradas fantásticas (as chamadas vintages), que elevam a qualidade e o preço de venda do vinho. Algumas vezes, a safra não aparece no rótulo, vinhos espumantes, como os Champagnes, e alguns Portos que são feitos a partir de misturas de vinificações de anos diferentes.
3. Região de produção, apelação de origem, lugar demarcado para a produção daquele tipo de vinho, indicação de origem. Essas informações ajudam a conhecer melhor cada tipo de vinho. Você começa a se localizar ‘geograficamente’ – gostou das características de um vinho produzido no Veneto, na Itália? Procure outros rótulos da mesma região para e provar e comparar.
Agora que já sabe ler uma etiqueta de vinho, minha sugestão é que você vá até a loja e sem medo de ser feliz, escolha o seu vinho.
Logo mais vamos conversar sobre outras dicas de vinho.
Cheers!
Daniella Romano percebeu que tinha olfato aguçado depois de se formar Sommelière pela Federação Italiana de Sommeliers, Hoteleiros e Restauradores no Piemonte. Decidiu seguir estudando os aromas do vinho e passou por instituições como Universidade de Davis e Université du Vin de Suze-la-Rousse. Pioneira no estudo e desenvolvimento das caixas de aromas do vinho no Brasil, é hoje referência no assunto e compartilha o seu conhecimento no The Wine Institute, entre as principais escolas de educação de vinho no mundo.