Mito ou verdade? As lorotas mais contadas do mundo do vinho

Quanto mais pesada a garrafa, melhor o vinho? O aroma de lavanda no vinho da Provença vem de um campo de lavanda perto do vinhedo? A resposta para esses e outros mitos do mundo do vinho, você encontra aqui!

Os melhores vinhos estão nas garrafas pesadas? METIRA!

As garrafas pesadas de vinho começaram a ganhar espaço nas prateleiras das lojas diante da máxima de que a apresentação conta muito no momento da venda. Mas o peso absurdo – tem algumas que pesam mais de 1 kg – me incomodava. Decidi organizar uma degustação às cegas com vinhos de valor equivalente, mas metade engarrafados em vidros mais leves e outra metade, naqueles pesadões. Levei até uma balança de precisão para atestar o peso das garrafas. O resultado confirmou minha premissa: os mais bem colocados vinham de garrafas mais leves. Até porque o produtor investe onde é necessário – no vinhedo, na vinícola – e não em comprar uma garrafa mais cara.

Suzana Barelli é jornalista especializada em vinhos. Atualmente é editora de vinhos da revista Menu e tem um blog sobre o tema na revista IstoÉDinheiro. Formada em jornalismo e em ciências sociais, Suzana escreve regularmente sobre brancos e tintos desde o ano 2000. É membra da Confraria dos Enófilos do Alentejo, da Confraria do Vinho do Porto, as duas em Portugal, e da l’Ordre des Coteaux du Champagne, na França.

Os aromas do vinho são provenientes de essências adicionadas à bebida? MENTIRA!

Os aromas do vinho, tais como os de frutas, flores e especiarias, provém de essências adicionadas ao vinho. Falso! O que acontece com o vinho é que as uvas são compostas das mesmas moléculas aromáticas que podem ser encontradas em flores, frutas, especiarias, etc. Portanto esses aromas são naturais do vinho e ocorrem em etapas bem definidas de sua produção, começam a surgir em função da variedade da uva, do terroir, condições climáticas, passando pela manipulação do homem durante o processo de produção do vinho e finalizam no envelhecimento. Aquele “pozinho” branco que cobre a casca da uva, por exemplo, e que contém a levedura natural, pode dar origem a aromas de menta e eucalipto; os de banana e manteiga surgem na fermentação (manipulação); e os de baunilha, café e chocolate vem do envelhecimento nas barricas. Enquanto que os de couro e trufas são decorrentes do envelhecimento lento e, gradual exposição ao ar na garrafa.

Daniella Romano percebeu que tinha olfato aguçado depois de se formar Sommelière pela Federação Italiana de Sommeliers, Hoteleiros e Restauradores no Piemonte. Decidiu seguir estudando os aromas do vinho e passou por instituições como Universidade de Davis e Université du Vin de Suze-la-Rousse. Pioneira no estudo e desenvolvimento das caixas de aromas do vinho no Brasil, é hoje principal referência no assunto.

Os vinhos de boa qualidade são envasados somente com rolha de cortiça? MENTIRA!

Devido a baixa qualidade e contaminação de algumas rolhas de cortiças em décadas passadas (a indústria de cortiças evoluiu muito na última década) e do impacto no meio ambiente, produtores de vinhos delicados, aromáticos de regiões frias do Velho Mundo (como a Alemanha e a Áustria) e do Novo Mundo (Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos) iniciaram uma jornada por alternativas que não interferissem na qualidade de seus vinhos e que fosse sustentável. A Alemanha desenvolveu uma vedação de vidro com uma arruela de pressão siliconada, impedindo qualquer tipo de contaminação ou alteração dos aromas delicados de seus vinhos brancos. A Austrália, por sua vez, em meados da década de 1970, iniciou as triagens com tampa de rosca – atualmente essa é a vedação mais comum utilizada por diversos produtores no Novo e no Velho mundo para vinhos econômicos e de alta qualidade, dependendo do estilo do vinho. Na Nova Zelândia, quase 100% dos vinhos produzidos são vedados com tampa de rosca devido a questão da sustentabilidade.

Confira mais em Os maiores mitos do mundo do vinho, por Thiago Mendes

 

Thiago Mendes viveu por 10 anos em Londres, onde iniciou a sua carreira no mundo do vinho. Em 2007, se tornou embaixador para o Brasil e para o México do Internation Wine Challenge (IWC), competição de vinhos reconhecida em âmbito internacional. Depois de receber o diploma em vinhos e destilados pela Wine and Spirits Education Trust (WSET) em 2012, voltou para o Brasil e fundou a escola de vinhos e destilados Enocultura.

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