No mundo – quase – desconhecido dos rosés, por Amandine Castillon

Ah, o vinho rosé e a França! Nós, franceses, adoramos beber vinho rosé. É um tipo de vinho que tomamos sempre no verão, de preferência gelado. Para a gente, rosé significa isso: primavera, verão, viagem, férias, Mar Mediterrâneo… Se você estiver passeando pelas ruas da França e começar a ver os vinhos rosés nas mesas dos bares e restaurantes, pode apostar: o calor está chegando!

Tanto é que, para mim, o verão começava oficialmente quando eu chegava na casa do meu tio e ele falava ”vamos beber um rosé? Acabei de abrir uma garrafa!”.

Nós costumamos tomar o rosé como aperitivo, ou seja, sozinho, sem acompanhar nenhum tipo de comida, mas também gostamos de bebericá-lo em uma tarde de churrasco e, durante a viagem de férias, para acompanhar saladas, peixes e frutos do mar.

Mas vinho rosé não é só um. Existem vários tipos de rosés. Existem os rosés mais claros, típicos da Provence, muito delicados e frescos, e os rosés mais intensos, como os de Malbec.

Porque é vinho rosé é uma bebida de verão? Porque no inverno faz tão frio que não vamos comer uma saladinha, mas uma comida mais calórica, mais gordurosa, pratos que não são adequados para acompanhar um rosé. O rosé é mais delicado e, por isso, pede comidas mais delicadas.

Por isso também se bebe mais rosé no sul da França do que no Norte. No Sul faz mais calor e a comida típica é a mediterrânea, berinjela, cebola, tomates, azeite (aqui você confere uma receita de como preparar o Terra provençal de cogumelos e trufa). No Norte as receitas têm mais base de creme de leite e manteiga, são mais pesadas.

Quando eu cheguei no Brasil como representante de vinhos do Sul da França, eu trouxe no catálogo dos produtores que representava um rosé considerado um dos melhores da região. Com preço excelente e tendo ganhado vários prêmios, achei que ele seria um sucesso!

O estilo de vida, o calor, a culinária bem temperada, picante, com frutos do mar, tudo combina com rosé. Era para ser um campeão de vendas!!

E aí? Não consegui vender o vinho!! Ninguém dava bola para ele e eu não entendia o porquê.  As pessoas provavam, gostavam, mais até do que o tinto, mas no final escolhiam o tinto para comprar.

Quando comecei a trabalhar na Grand Cru, encontrei aqui o vinho rosé Romance, do Château de Berne, que fica em Cotes de Provence, a região mais famosa para rosés do mundo. E pensei: está aí um rosé estupendo!

Mas pensei que não seria uma boa venda, por causa da minha experiência anterior com rosés. Para a minha surpresa, a cultura do brasileiro começou a mudar. Acho que uma fada passou por aqui e colou o pó de pirlimpimpim rosé na cabeça de todo mundo!!

E o Romance se tornou um dos best-sellers da Grand Cru!

Ele é, de todos, o meu rosé favorito! É um rosé fresco e elegante, suas notas me lembram os morangos silvestres que eu colhia com minha avó na floresta quando eu era criança.

Gosto de beber este rosé com moqueca de peixe e camarão! Aquela moqueca com dendê, leite de coco e tudo.  Ele é perfeito para esses sabores, por causa da sua acidez.

Vinho Rose Romance Cotes de Provence 2015 750 mL

O meu segundo favorito é o Rosé da Leyda, vinícola chilena, que faz um rosé do Novo Mundo. Um estilo de rosé totalmente oposto ao de Provence. Uma coloração mais forte, muito mais fruta.

Gosto de bebê-lo com peixes grelhados e recheados, frutos do mar ou aquela famosa sopa de peixe chilena, o “caldito de congrio”, uma receita do Pablo Neruda.

Vinho Rosé Leyda Reserva 2015 750 mL

A tendência é que os rosés fiquem cada vez mais populares no Brasil. Os da Provence abriram caminho para os outros.  Os mais claros, mais frescos, são os primeiros a serem procurados. Mas agora outros rosés, de outros estilos, mais encorpados e com cor mais forte, com certeza vão ganhar terreno.

Tomara que essa moda fique e que as pessoas comecem a beber cada vez mais rosés!


Amandine Castillon é Sommelière e Coordenadora de Produtos na Grand Cru, e está à frente da Grand École, nossa escola de vinhos. Nascida em Tolouse, no sudoeste da França, é especializada em vinhos da região de Bordeaux. Quinzenalmente, ela vai compartilhar dicas de vinhos franceses, harmonizações e enoturismo neste espaço.

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