Regiões vinícolas da França: o Vale do Rhône

O Vale do Rhône é uma região muito importante do sul da França para a cultura enológica. É a área de produção de vinhos mais antiga do país, conta com sub-regiões como Chateuneuf-du-Pape, Saint-Joseph, Hermitage, Côtes du Rhône e Vacqueyras.

Paisagem do norte do Vale do Rhône.

Norte do Rhône

Responsável por aproximadamente 5% da produção de vinhos, o norte do Vale do Rhône é conhecido pela elaboração de alguns dos melhores vinhos do mundo, como as produções da vinícola Delas Frères.

A região tem solo granítico, o que significa riqueza em granito e outros minerais, garantindo certa influência na acidez das uvas, além de maior concentração de luz solar durante o seu crescimento. Uma curiosidade da região é o lugar onde as videiras estão plantadas, perto do rio Rhône e nas encostas ou vales laterais, que proporciona melhor exposição solar apesar do vento Mistral (um vento muito forte que vem do norte), resultando em poucas uvas de altíssima qualidade. Isso acontece porque quando as condições climáticas não são favoráveis, a videira tenta se reproduzir da melhor forma possível. No entanto, devido ao declive e ao solo, é necessário que a colheita das uvas seja realizada de forma manual.

Solo pedregoso do norte Rhône.

Vinhos e uvas do norte

A principal uva da região é a Syrah, que dá aos vinhos uma cor profunda, muito tanino e aromas predominantemente de especiarias, com destaque à pimenta-preta.

Viognier é outra casta do Rhône, não em tanta abundância como a Syrah, mas não menos importante. Ela dá ao vinho aromas florais, exóticos e resinosos, com damasco e madeira nova, com baixa acidez e alto teor alcoólico.

Marsanne é uma casta muito resistente, que traz riqueza e peso na boca, enquanto Roussanne dá acidez e caráter de fruta perfumada. Normalmente, podemos encontrar as duas no mesmo corte.

Sul do Rhône

Onde se localiza 95% da produção de vinhos do Vale do Rhône, apresenta clima mediterrânico (altas temperaturas e pouca pluviosidade no verão e outono) com influência excessiva do vento Mistral. Em decorrência disso, a plantação é em cortinas de abrigo, que consiste em uma proteção com redes nas videiras contra o vento que vem do norte e arranca a planta da terra. Já o solo é majoritariamente plano e expõe enorme variedade em composição, o que torna possível os cortes complexos presentes na região, com vinhos de mais de treze castas na composição. Uma das mais famosas denominações de origem da região é Châteauneuf-du-Pape, onde se localiza a vinícola Château La Nerthe.

Solo típico da região de Châteauneuf-du-Pape com as vinhas em formato de arbusto, ou bush vines.

Vinhos e uvas do sul

A uva mais cultivada é a Grenache, pois precisa de muito calor e é resistente a seca e ventos fortes. O vinho produzido por essa casta apresenta sabores condensados de frutas vermelhas, com alta maturação de açúcar e teor alcoólico.

A Syrah é comum em vinhedos mais frescos, dá mais força aos taninos e à cor, quando combinada à Mourvède.

Cinsault foi, por muito tempo, uma casta de apoio para vinhos de corte, grande parceira de Grenache em vinhos frutados, sobretudo em rosés. Apesar disso, hoje a uva é explorada em monovarietal por alguns enólogos, com sabor de frutas e bastante concentração de taninos.

Mesmo que pequena, também há produção de vinhos brancos no sul do Rhône, cujos melhores se destacam pela textura rica e encorpada, acidez média e alto teor alcoólico, sempre com muito aroma. As principais uvas são Clairette, Bourboulenc e Grenache Blanc.

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A uva Syrah, símbolo o sul do Rhône.

História das Denominações de Origem na França

O Vale do Rhône foi alvo de uma praga (a famosa praga Filoxera) que devastou as vinícolas no fim do século XIX. Logo que a região se recuperou por volta de 1900, a produção voltou com imensa força e volume, de forma que surgiram fraudes dos vinhos mais procurados. Com isso, a comunidade vinhateira organizou a “Appelation D’origine”, que consiste em conjuntos de regras certificadas para o cultivo e produção de vinho. A Denominação de Origem obteve tanto sucesso que foi expandido, mais tarde, para o resto do país. Hoje, a França possui cerca de 20 denominações de origem.

Por Vivi Colello

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