A Austrália no Mapa Mundi dos vinhos

Dinamismo e tecnologia talvez sejam as duas palavras que definem a atual produção vitivinícola da Austrália. Mas nem sempre foi dessa maneira… Na maior parte do século 20, a vitivinicultura australiana se resumia a produção de vinhos suaves baratos e outros com graduação alcoólica altíssima.

Foi somente a partir da década de 1960 que surgiram as primeiras iniciativas para uma drástica mudança no foco da produção, e seus mais diversos terroirs começaram a mostrar potencial – seus Chardonnays, Cabernets, Semillóns e, principalmente, Shirazes maduros e encorpados já começavam a ganhar fama mundo afora.

Nos anos 2000, mesmo produzindo sete vezes menos vinhos do que a França, a Austrália já era o segundo país que mais exportava vinho para os Estados Unidos (só perdia para a Itália!).

Selo antigo ilustrado com vinhedos australianos.

Mas sabe aquela típica imagem hollywoodiana do outback australiano, com direito a cangurus, crocodilos e ovelhas? Pois é… Esqueça! As regiões vinícolas do país em nada lembram um deserto e, diga-se de passagem, estão localizadas bem distantes do calor. Elas ficam, em sua maioria, no sul, que é frio, com algumas horas de distância da costa.

Nova Gales do Sul recebeu as primeiras videiras do país, lá no final do século XVIII. Localizada 120 quilômetros a norte de Sidney, é uma área quente perto das outras partes vinícolas do país. É a terra da doce e calorosa Semillón, lar das uvas brancas que se beneficiam da brisa morna que vem do mar.

Mas é no sul e no sudeste da Austrália que encontramos as verdadeiras pérolas vitivinícolas. Barossa Valley, Adelaide Hills, Eden Valley, Clare Valley, Coonawarra, Padthaway, McLaren Vale… A Austrália do Sul é o motor que impulsiona a indústria vinícola australiana. Todos esses distritos formam um anel ao redor da cidade de Adelaide, de onde sai praticamente metade de todos os vinhos do país.

Clare Valley (imagine algo como Sonoma para a Califórnia) é reconhecida por seus Rieslings que competem com os de Eden Valley, em Barossa, honrados como alguns dos melhores da Austrália.

Vinhedos da região sul da Austrália.

O estado de Victoria também guarda várias sub-regiões produtoras em ascensão. A mais conhecida delas é o vale do Yarra, representante dos Chardonnays e Pinot Noirs australianos que cada vez mais atravessam as fronteiras do país. Além disso, destacam-se também Moscatos fortificados, que vem chamando a atenção de críticos renomados.

Logo ao sul de Victoria, Tasmania é uma das ilhas mais famosas e conhecidas. Cercadas de brisa marítima, as vinhas dão origem aos vinhos mais frescos do continente, principalmente Rieslings e espumantes.

Mas quando o assunto é modernidade e inovação, o oeste australiano está sempre à frente. Os produtores de lá são sempre os pioneiros em tudo. Beber um vinho da região é quase ter a certeza de provar um vinho diferente do resto, com técnicas ousadas e às vezes uvas que ninguém esperava… E quer saber? Quase sempre dá certo!

Frankland River, Margaret River e Mount Barker são áreas capazes de produzir vinhos de mesa em estilo europeu. E apesar de a maioria dos vinhedos originais estar nas sub-regiões de Wilyabrup e Wallcliffe, onde prosperam Cabernets e Chardonnays, a região que mais chama a atenção à oeste é Margaret River.

E a Shiraz? Quando se fala em vinho australiano, é inevitável pensar nela – a associação é imediata! No entanto, regiões beneficiadas pela altitude, brisa do mar e de clima menos tropical tendem a investir na produção de brancos, como os provenientes da Sémillon, uva de pele de ouro que é um dos heróis desconhecidos do mundo do vinho. Aventure-se no país do outback e descubra vinhos surpreendentes!

Neblina sobre os vinhedos de Hunter Valley.

 

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