Conheça os grandes vinhos brancos do mundo

Os vinhos brancos ainda são pouco consumidos no Brasil, mesmo sendo o tipo mais indicado para refrescar os dias quentes do nosso clima tropical e para acompanhar a típica gastronomia brasileira: picante e muito bem temperada. Descubra quais são os mais importantes vinhos brancos do mundo e as regiões produtoras que você precisa conhecer!

O Chablis da Borgonha

Sem dúvida nenhuma o Chablis é o vinho branco mais conhecido do mundo, vindo de uma das regiões icônicas de produção da uva Chardonnay, única casta autorizada para a produção da bebida.

Embora a Chardonnay seja uma uva conhecida por se adaptar em todas as regiões do globo e expressar muito bem as características de cada terroir, em Chablis ela é considerada excepcional, dando origem a vinhos secos, ácidos e aromáticos, com notas herbáceas, de grama molhada, e cítricas, como lima-limão. São vinhos extremamente minerais!

Ela é produzida na região da Borgonha, na França, em uma Appellation d’Origine Contrôlée (AOC) de três mil hectares ao redor do vilarejo de Chablis. Embora seja uma sub-região da Borgonha, Chablis é uma das únicas que fica separada das demais, ao norte, a 120 quilômetros de Dijon.

Vilarejo de Chablis, na Borgonha.

Vilarejo de Chablis, na Borgonha.

Devido a sua localização, o frio na região é desafiador para os agricultores. Seus invernos são rigorosos, suas primaveras frias e os verões têm as noites bastante geladas. O clima em Chablis é semi-continental, não possui influências marítimas e tem grandes variações de temperatura ao longo do ano. A principal dificuldade que os agricultores enfrentam são as geadas e chuvas de granizo, que acabam levando grande parte das safras produzidas por lá.

Por isso, a safra é tão importante para escolher um bom Chablis. Hoje, as safras de 2010, 2011, 2012 e 2013 são as com mais alta pontuação Robert Parker.

O solo de Chablis é único no mundo: muito antigo, ele é composto de fósseis de ostras, já que, na pré-história, toda a região ficava embaixo do mar. No entanto, os vinhos variam de qualidade de acordo com o vinhedo em que foram produzidos: quanto mais próximos do centro, melhores os solos e os vinhos, e quanto mais afastados da cidade, piores os solos e, consequentemente, os vinhos vindos destes vinhedos.

Região francesa de Chablis.

Região francesa de Chablis.

Existem quatro tipos principais de Chablis: os Petit Chablis, os Chablis AOC, os Chablis Premiere Crus e os Chablis Grand Crus.

Os Petit Chablis são vinhos mais simples e leves, feitos para serem bebidos jovens. Eles são produzidos em uma região que fica na borda de Chablis. Já os Chablis AOC são os mais populares e tradicionais da denominação de origem. Os Chablis Premiere Crus levam o nome de um dos 40 vinhedos que possuem essa classificação, enquanto os Chablis Grand Crus, a classificação mais premium da região, são produzidos em apenas sete vinhedos.

Enquanto os Chablis AOC e os Petites Chablis são ideais para acompanhar ostras frescas, os Chablis Premier Cru e os Grand Cru devem estar acompanhados de pratos com sabores mais intensos.

O Vinho Branco William Fèvre Chablis 2014 foi elaborado pelo enólogo William Févre e mantém o frescor, a alta mineralidade e a acidez natural da Chardonnay  de Chablis.

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Vinho Branco William Fèvre Chablis 2014 750 mL

O Mosel alemão

Mosel é a mais antiga região vinícola da Alemanha, e é considerada a maior em cultivo de vinhas em encostas: ao todo são 9.000 hectares de vinhedos cultivados em terraços ao longo dos vales dos rios que cortam a região. Desses, 5.273 hectares (cerca de 60%) são dedicados ao cultivo da nobre casta Riesling, que dá origem a um dos melhores vinhos brancos do mundo, sob a denominação de Mosel.

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A produção de vinho na região é datada de cerca de dois mil anos atrás, sendo iniciada pelos romanos na época em que ocuparam a região. Ruínas desse período ainda podem ser encontradas com facilidade, e belíssimos prédios históricos são encontramos em Trier, a mais antiga cidade alemã, fundada pelo imperador romano Augusto em 16 antes da Era Comum.

Essa grande região é cultivada por uma série de pequenos agricultores, são quase 5.000 produtores de vinho que cultivam suas vinhas em 524 vinhedos diferentes.

Mosel é cortada por três rios, o Mosel, o Sarre e o Ruwer, que cortam as encostas com curvas sinuosas. A característica mais interessante do terroir local é que, assim como Chablis, os terrenos onde hoje são plantados os vinhedos ficavam, na pré-história, no fundo do mar, em praias ou áreas de maré, sendo formados por antiquíssimos sedimentos de oceanos do passado.

O Rio Mosel percorre a França e Luxemburgo antes de entrar em território Alemão. Uma vez no país, ele percorre mais de 560 quilômetros de vinhedos antes de desembocar no Rio Reno.

O clima do vale é bastante privilegiado, já que a região se encontra em uma das porções mais quentes da Alemanha, com invernos pouco rigorosos e verões amenos. A temperatura anual de Mosel fica em torno de 9 a 10ºC. Além disso, o nevoeiro que se levanta do rio e cobre parte dos vinhedos favorecem o aparecimento da podridão nobre, responsável por produzir um dos vinhos doces mais importantes do mundo.

A inclinação dos vinhedos também é um fator importante, além da face das colinas que estão voltadas para o sol. Na face norte quase não existem vinhedos plantados,

Os vinhos brancos de Mosel são extremamente minerais e elegantes, e harmonizam muito bem com joelho de porco crocante e carne de javali.

Prove um típico vinho branco de Mosel com nuances de lima, carambola e flores com esse Vinho Branco Fritz Haag Riesling Trocken 2014.

Vinho Branco Fritz Haag Riesling Trocken 2014 750 mL

Vinho Branco Fritz Haag Riesling Trocken 2014 750 mL

Os brancos do Vale do Loire

O Vale do Loire é um destino turístico imperdível tanto para os amantes de vinhos quanto para os de história. Considerada Patrimônio Mundial pela Unesco, a região é o 4º destino mais visitado da França. Em meio aos vinhedos e castelos do Loire nasce alguns dos melhores vinhos brancos do mundo – e talvez os mais longevos!

O Vale do Rio Loire fica localizado na região central da França. Ao longo do rio foram construídos, durante os séculos XV, XVI e XVII, os castelos da nobreza francesa, que migravam para a região durante os seus retiros de verão. O rio é um dos mais longos do país e, por isso, teve importância histórica ao conectar a região com os mercados externos, principalmente com a Inglaterra.

Os vinhos chegaram dois mil anos atrás na região pelas mãos dos romanos e, após a queda do Império, seu cultivo foi praticamente inteiro dominado pelos monges, que fizeram um árduo trabalho de seleção dos melhores terroirs e de fundação dos primeiros vinhedos.

Um dos châteaus da região do Loire, na França

Um dos castelos da região do Loire, na França

Embora o Vale do Loire seja dividido em várias regiões produtoras, todos os vinhos da bacia do rio possuem características fortes em comum, como a leveza e a acidez. Os climas e terroirs são específicos em cada denominação de origem, mas apenas cinco variedade de uvas são cultivadas em toda a grande região, e mais da metade dos vinhos produzidos são brancos.

As temperaturas da região tornam os vinhos delicados, ácidos e refrescantes, com baixo teor alcoólico. Características que os tornam ideias para combinações gastronômicas diversas. A marca do Loire é o modo como a vinicultura é tratada, de forma quase minimalista, evitando o uso de agrotóxicos e madeira. A ideia é que a bebida consiga expressar o máximo possível dos terroirs e de suas frutas.

Os vinhos brancos do Loire podem ser divididos, em linhas gerais, entre os vinhos brancos secos do leste e oeste, e os doces do centro.

A casta Chenin Blanc – originária da região – se expressa da forma mais natural possível e dá origem aos vinhos brancos secos e doces e a espumantes. Para os vinhos secos são duas as regiões mais importantes: Vouvray e Savennières, cada uma com características de solo e microclimas distintos. Os doces produzidos pela Chenin Blanc (Demi-sec, Mouelleux e Doux) podem chegar a impressionantes 50 anos de idade, alguns chegando até a um século de vida. Já os espumantes mais notáveis feitos da casta são encontramos em Pétillants, Mousseux e Crémants.

Os vinhos de Sauvignon Blanc, por sua vez, são produzidos principalmente nas regiões de Sancerre e Pouilly-Fumé, de onde saem brancos com notas minerais e cítricas, frutas e especiarias. Esses vinhos são muitíssimos saborosos e os de Pouilly-Fumé ganham ainda um tom de cremosidade, enquanto os de Sancerre se destacam pela acidez e mineralidade.

Por último, temos a Melon de Bourgogne, uma prima da Chardonnay que é cultivada  na região de Muscadet. O vinho branco de Muscadet é bastante seco, um pouco salgado, que harmoniza perfeitamente bem com camarões, ostras, mexilhões e outros frutos do mar do norte da França.

Não perca a oportunidade de experimentar um Sauvignon Blanc de Sancerre:

Vinho Branco Henri Bourgeois Sancerre Le MD de Bourgeois 750 mL

Os Chardonnays da Califórnia

A Chardonnay é a variedade de uva branca mais cultivada na Califórnia, especialmente nas regiões mais frias e expressam mais equilíbrio do que carvalho. O consumo de vinhos brancos feitos a partir da casta nos EUA é enorme: estima-se que cerca de 21% dos vinhos de mesa vendidos nos supermercados do país são feitos a partir dela (dados de Gomberg-Fredrikson & Associates).

Conhecida por suas notas de maçã verde, figo e sabores cítricos, os Chardonnays da Califórnia possuem alta acidez e aromas complexos. No entanto, os vinhos brancos californianos costumam passar Por envelhecerem em barris de carvalho, ganham também notas tostadas, de baunilha e manteiga.

Napa Valley, na Califórnia.

Napa Valley, na Califórnia.

O cultivo da Chardonnay na Califórnia remonta aos anos 1800, embora sempre limitado devido ao baixo rendimento da casta. Durante a Lei Seca nos EUA, grande parte das vinhas foram arrancadas da terra, mas os vinhedos de Vale Livermore e Santa Cruz Mountains conseguiram sobreviver. Foi a partir da década de 1970 e 80, no entanto, que o cultivo da Chardonnay cresceu com a popularização dos seus vinhos no mercado estadunidense com o “boom” dos vinhos brancos.

O clima da viticultura californiana depende em grande escala de sua proximidade e relação com o Oceano Pacífico e a penetração da neblina de verão que se forma ao longo da costa e diminui as temperaturas dos vinhedos, equilibrando o tempo seco.

A Chardonnay é cultivada principalmente nas regiões de Mendocino e Lake e Sonoma, onde ainda é a casta mais cultivada, principalmente no Russian River Valley, Sul de Sonoma e Carneros e Napa Valley, além da Costa Central.

Vinho Branco Round Hill Chardonnay 2015 750 mL

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