Os melhores vinhos do Languedoc-Roussillon

Faz algum tempo que os vinhos do Languedoc-Roussillon vêm chamando a nossa atenção. Pequenos vinicultores descobriram em vilarejos como Corbières, Fitou e Minervois todo o potencial do terroir do Languedoc-Roussillon. Mesmo com qualidade comparável a grandes vinhos franceses, eles chegam ao mercado com preços muito abaixo da média.

Até os anos 1950, o sul da França era conhecido por produzir vinhos leves, ácidos e pouco alcoólicos, que ainda eram misturados a vinhos argelinos (que contribuíam com cor e álcool), e vendidos nas proximidades da capital Paris, no norte do país. À época, o único objetivo dos produtores era aumentar a quantidade de uva cultivada e, por consequência, o vinho produzido. A qualidade pouco importava.

Enquanto a reputação de outras regiões francesas ia crescendo ao redor do mundo, o Languedoc-Roussillon, que tinha a maior área de vinhedos da França (e uma das maiores do mundo), chegava ao que parecia ser a sua ruína. O preço dos vinhos começou a baixar e seus rótulos tornavam-se cada vez mais desvalorizados. Alguns produtores, com medo da má reputação da região, migraram para Bordeaux, Borgonha e Rhône, e venderam as suas propriedades por muito menos do que elas valiam anteriormente.

O cenário começou a mudar justamente com a chegada de produtores pequenos, mas com grande ambição, que tinham interesse e “know how” para produzir grandes vinhos, mas pouco dinheiro para investir nas caras propriedades de outras denominações da França. Instalaram-se em vilarejos como Corbières, Fitou e Minervois, que vieram a se tornar depois apelações de origem reconhecidas pela França.

Vista da cidade medieval de Carcassonne, no Languedoc-Rossillon (França).

Vista da cidade medieval de Carcassonne, no Languedoc-Rossillon (França).

As diferenças que fizeram na região se notam inclusive na paisagem: para melhorar a qualidade dos vinhos, tinham que reduzir drasticamente a produtividade das vinhas (e a quantidade de plantas por vinhedo). As áreas destinadas aos vinhedos também diminuíram.

O Languedoc-Roussillon é o segredo mais bem guardado da França, e foi ninguém menos do que Jancis Robinson que afirmou isso em um artigo que escreveu para o Financial Times em julho de 2010. “Para consumidores de vinhos, especialmente aqueles que gostam de vinhos artesanais, vinhos que expressam toda a individualidade do lugar onde cresceram, e ainda têm bons preços, o Languedoc-Roussillon é o parque de diversões perfeito”, disse a Master of Wine.

Chegou a hora de conhecer esses “spots” da região!

Corbiéres

A sub-região de Corbières se estende desde a planície da costa do Mediterrâneo até, conforme vai avançando no interior da França, uma porção montanhosa (chegando a até 600 metros de altitude). Produz desde vinhos de caráter maduro, como o Château Saint Eutrope Rouge 2013,  até vinhos mais complexos e elegantes, como o Domaine L’Alba – L’Ermite Rouge.

Vinho Tinto Château Saint Eutrope Rouge 2013 750 mL

Vinho Tinto Château Saint Eutrope Rouge 2013 750 mL

Vinho Tinto Domaine L'Alba - L'Ermite Rouge 2013 750 mL

Vinho Tinto Domaine L’Alba – L’Ermite Rouge 2013 750 mL

Coteaux-du-Languedoc

Apesar de abranger uma enorme área, Coteaux-du-Languedoc possui uma série de sub-divisões. La Clape e Pic Saint Loup são dois nomes para guardar na memória. Situada em uma planície isolada nas proximidades da costa, La Clape é conhecida por produzir tintos encorpados com estilo similar aos de Corbières. Já Pic Saint Loup, nos sopés dos Alpes, têm se destacado por proporcionar as condições ideais para produzir vinhos extremamente elegantes.

Vinho Tinto La Falaise Rouge 2014 750 mL

Vinho Tinto La Falaise Rouge 2014 750 mL

Côtes Catalanes

Eis a denominação da região que viveu a maior transformação nos últimos anos. Entre Corbières e a fronteira da Espanha, deixou de produzir vinhos doces e passou a dar origem aos tintos mais bem reputados de todo o Languedoc-Roussillon.

As melhores vinhas de Côtes Catalanes ficam na porção norte da apelação, localidade mais quente e mais acidentada de todo o Languedoc-Roussillon. Não bastasse o calor do Mediterrâneo e as longas horas de iluminação solar, seu solo é composto por xisto, concentrando o calor no vinhedo. Os ventos fortes resfriam as vinhas durante a noite e garantem boa amplitude térmica entre dia e noite (e consequente longo período de maturação das uvas, fazendo com que consigam atingir níveis perfeitos de açúcar e taninos).

Lá nascem vinhos extremamente concentrados em aromas, sabores, corpo e taninos.

Vinho Tinto Secret De Schistes Rouge 2012 750 mL

Vinho Tinto Secret De Schistes Rouge 2012 750 mL

Fitou

A primeira apelação de origem criada no Languedoc-Roussillon se divide em uma planície costeira e uma região montanhosa no interior. Nas proximidades do Mediterrâneo, a parte da planície produz vinhos mais encorpados e intensos da denominação. Enquanto isso, a porção montanhosa da denominação, que destaca-se pela altitude, e ainda recebe influência dos ventos, produz os seus vinhos mais leves (embora ainda tenham bastante corpo) e elegantes.

Vinho Tinto Domaine Galaman Rouge 2013 750 mL

Vinho Tinto Domaine Galaman Rouge 2013 750 mL

Minervois

Localizada nas encostas do Maciço Central, as vinhas de Minervois não chegam até a costa. La Livinière é considerado o seu melhor terroir.

Vinho Tinto Domaine Des Aires Hautes Réserve Rouge 2012 750 mL

Vinho Tinto Domaine Des Aires Hautes Réserve Rouge 2012 750 mL


Por Gustavo Jazra

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