Além da Tempranillo: as outras uvas tintas da Espanha
A Tempranillo você já conhece. A uva tinta ganhou fama pelos grandes vinhos a que dá origem em Rioja, Ribera del Duero e Toro. Mas outras cepas, além dela, têm importância significativa em outras partes da Espanha. Conheça as outras uvas tintas da Espanha!
Garnacha
Conhecida como Grenache na França, a Garnacha está espalhada por toda a costa do Mediterrâneo. Na Espanha, dá origem a grandes vinhos no Priorato, sobretudo quando estamos falando das vinhas velhas que a região preserva. Além do Priorato, a cepa também está presente em outras regiões da Catalunha, como Montsant e Penedès, e é uma das uvas autorizadas em Rioja – a que melhor se adaptou ao terroir da quente e seca Rioja Baja, única sub-região de Rioja que recebe influência do Mediterrâneo. Seus vinhos, quando a uva é cultivada em vinhas velhas, são alcoólico e encorpados, com bastante intensidade e complexidade aromática.
Monastrell
Não se engane se nunca ouviu falar em Monastrell (ou Mourvèdre, como é chamada na França), pois você certamente já provou algum vinho que contenha a variedade em seu corte. A cepa é uma das três que entram no blend mais tradicional dos vinhos do Rhône – conhecido pela sigla GSM, ou Grenache, Syrah e Mourvèdre. Se na França ela divide o pódio com as outras duas, ficando muitas vezes na terceira posição, na Espanha ela encontrou o seu lugar ao sol (literalmente) e protagoniza muitos dos vinhos da costa do Mediterrâneo. A Monastrell dá origem a vinhos muito encorpados e tânicos, com destaque para o caráter de frutas negras maduras e especiarias. Por vezes, seus taninos são controlados realizando-se maceração carbônica. Se adaptou bem às regiões de Jumilla e Yecla, justamente por precisas de condições quentes e ensolaradas para amadurecer completamente, além de ser resistente à seca.
Cariñena, Mazuelo ou Samsó
Dependendo da região da Espanha, a cepa mais conhecida como Carignan (em francês) recebe um nome diferente – Mazuelo em Rioja, Samsó na Catalunha e Cariñena nas demais regiões. A casta dá origem a vinhos com elevada acidez, taninos e cor – por essas suas características, é comumente adicionada em cortes para dar mais estrutura ao vinho.
Mencía
Embora a Mencía seja pouco explorada pelos brasileiros, a cepa tem grande potencial a ser explorado (sobretudo para os amantes de tintos mais leves, como Pinot Noir ou Gamay!). Trata-se da principal casta de Bierzo, região localizada a noroeste da Espanha, entre a Galícia e a Meseta Central. Os melhores vinhedos de Mencía estão localizados em encostas íngremes de xisto. Produz vinhos de corpo leve, com acidez naturalmente alta e caráter frutado. Quando cultivada em vinhas velhas, mostra mais corpo e maior concentração de fruta.
Bobal
Grandes chances de nunca ter ouvido falar na pouco conhecida Bobal (apesar de ser a terceira uva mais cultivada da Espanha!). Está presente em Valência, sua região de origem, e em La Mancha. Normalmente entra em cortes com Monastrell e Cabernet Sauvignon, por contribuir com intensidade de cor e acidez à bebida. Trata-se de uma casta rústica que, resistente a pragas, foi amplamente cultivada para produzir vinhos em grandes volumes. Quando cultivada em menor produtividade, dá origem a vinhos com certo caráter rústico, mas complexas notas de chocolate e frutos secos.
Graciano
Por décadas a Graciano foi deixada de lado na Espanha, mas está começando a ressurgir pela grande contribuição nos cortes de Rioja. Ela empresta aromas de frutas negras ao vinho, além de contribuir para o aumento da acidez e dos taninos (ou seja, ajuda o vinho com estrutura para envelhecer). Ainda não tem importância significativa em varietais ou em outras regiões do país, algo que deve mudar futuramente.
Castas internacionais
Embora a Espanha seja um país com amplo cultivo de castas autóctones, é cada vez mais comum encontrar variedades internacionais, como a Cabernet Sauvignon e a Syrah, nos extensos vinhedos do país. Regiões mais novas, como Jumilla, sustentaram o renascimento de suas atividades após a praga da filoxera com o amplo cultivo dessas variedades. Além disso, o Priorato faz uso de pequenas porcentagens delas no corte de maioria Garnacha.
Apesar de a maioria dos vinhos da Espanha serem tintos, o país produz vinhos brancos que merecem atenção especial. Conheça as uvas brancas mais importantes da Espanha e saiba que vinhos você deve conhecer.
Por Gustavo Jazra