Os 4 maiores mitos do mundo do vinho, por Thiago Mendes

Será que você já contou algum dos maiores mitos do mundo do vinho como se fossem verdade?

Mito 1: A qualidade do vinho está relacionada com a espessura da garrafa: quanto mais grossa e grande for a garrafa, melhor é o vinho!

Isso não é 100% verdade. Há muitos vinhos de qualidade premium envasados em garrafas de espessura mediana, afinal de contas o que importa é a qualidade do vinho, e não a espessura da garrafa. Isso sem falar que há uma tendência mundial em diminuir a espessura das garrafas para, assim, diminuir o impacto de carbono no mundo e na economia no transporte marítimo.

Mito 2: vinhos de boa qualidade são envasados somente com rolha de cortiça!

Devido a baixa qualidade e contaminação de algumas rolhas de cortiças em décadas passadas (a indústria de cortiças evoluiu muito na última década) e do impacto no meio ambiente, produtores de vinhos delicados, aromáticos de regiões frias do Velho Mundo (como a Alemanha e a Áustria) e do Novo Mundo (Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos) iniciaram uma jornada por alternativas que não interferissem na qualidade de seus vinhos e que fosse sustentável. A Alemanha desenvolveu uma vedação de vidro com uma arruela de pressão siliconada, impedindo qualquer tipo de contaminação ou alteração dos aromas delicados de seus vinhos brancos. A Austrália, por sua vez, em meados da década de 1970, iniciou as triagens com tampa de rosca – atualmente essa é a vedação mais comum utilizada por diversos produtores no Novo e no Velho mundo para vinhos econômicos e de alta qualidade, dependendo do estilo do vinho. Na Nova Zelândia, quase 100% dos vinhos produzidos são vedados com tampa de rosca devido a questão da sustentabilidade.

Mito 3: Os vinhos franceses são os melhores!

Uma afirmação como essa, sobre qualquer pais ou região, é muito pessoal e, sem dúvida, difícil de ser verdade. A Franca, como país produtor de vinhos, possui anos de tradição vitivinícola, mas a qualidade de um vinho está relacionada a fatores como o clima, o solo, a safra, o enólogo, entre outros fatores. O joio e o trigo sempre andam juntos (risos!). Sugiro sempre comparar vinhos dos mesmos estilo ou cepa e faixa de preços de regiões países diferentes para ter uma comparação mais justa de qualidade ou estilo.

Mito 4: Vinho branco para carnes brancas, vinho tinto para carnes vermelhas!

Quem nunca ouviu isso antes? Se a harmonização for por cor, talvez seja verdade (risos!), mas o que está em jogo em uma harmonização é o peso dos alimentos na boca, a textura, o sal, o Umami e os outros gostos. Já nos vinhos, a harmonização é conduzida pelo corpo, pela acidez ou frescor, estrutura (passagem por barricas conta muito aqui) e complexidade aromática. Todas as harmonizações tem um objetivo: equilíbrio dos elementos ou sabores, embora as harmonizações possam ser por complementação ou por contraposição.

 

Thiago Mendes viveu por 10 anos em Londres, onde iniciou a sua carreira no mundo do vinho. Em 2007, se tornou embaixador para o Brasil e para o México do Internation Wine Challenge (IWC), competição de vinhos reconhecida em âmbito internacional. Depois de receber o diploma em vinhos e destilados pela Wine and Spirits Education Trust (WSET) em 2012, voltou para o Brasil e fundou a escola de vinhos e destilados Enocultura.

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