Amarone della Valpolicella e Ripasso: dois grandes vinhos do Vêneto

Diz a lenda que o Amarone surgiu por engano de um enólogo italiano na região de Valpolicella, nos arredores de Verona (cidade no nordeste da Itália, a duas horas de Veneza). Confira a história do surgimento desse vinho.

Valpolicella é uma região de colinas próxima da cidade de Verona, capital do Vêneto, conhecida por produzir cinco tipos de vinhos italianos de grande renome: Valpolicella Classico, Valpolicella Superiore, Valpolicella Superiore Ripasso, Amarone della Valpolicella e Recioto della Valpolicella.

Nessa matéria especial sobre a região, vamos falar sobre três desses tipos, o Recioto, o Amarone e o Ripasso della Valpolicella.

Vinhedos em colinas de Valpolicella.

A origem de tudo: o vinho de sobremesa Recioto

Além dos vinhos Valpolicella, a região também é conhecida pelo vinho de sobremesa Recioto. Para produzir esse vinho doce, as uvas autóctones da região de Valpolicella – Corvina, Corvinone, Rondinella e Molinara -, são deixadas nos cachos até o final da colheita, sendo as últimas a serem recolhidas, apenas quando a maturação estiver 100% completa. Depois disso, selecionam-se as melhores uvas dos melhores cachos que serão ressecadas por seis meses em esteiras de madeira ou penduradas em um teto de um galpão ventilado, durante todo o inverno.

Após esse ressacamento, as uvas murchavam, perdendo de 30 a 40% do seu peso, e ganhando um aspecto de uva passa, concentrando açúcares e sabores, processo conhecido como appassimento.

Durante a vinificação lenta (costuma durar 45 dias a mais do que os vinhos tradicionais), a fermentação é interrompida, ou seja, as uvas não terminam totalmente a transformação de açúcar em álcool, resultando em vinhos mais doces, poucos alcoólicos, mas muito complexos.

As uvas do Amarone após o processo de apassimento.

E onde surgiu o Amarone no meio dessa história?

Diz a lenda que, há cerca de 70 anos, um enólogo esqueceu de interromper a fermentação do Recioto em um barril de carvalho e, consequentemente, todo o açúcar das uvas foi transformado em álcool, resultando em um vinho seco e mais amargo – amaro, em italiano. Os Amarones são vinhos extremamente complexos, intensos e encorpados, além de alcoólicos, já que são feitos com uvas apassitadas.

Hoje os Amarones se tornaram um estilo tradicional da região – e o seu principal vinho -, e são selecionadas para sua produção apenas as uvas das vinhas mais velhas e mais sábias de cada vinhedos.

Já provou um Amarone? Conheça o Soprasasso Valpolicella Amarone DOCG!

O Soprasasso Valpolicella Amarone é feito com 100% da Corvina Veronese, uma uva pequena e escura que produz vinhos com um sabor muito intenso e aveludado, além de serem difíceis de cultivar, por isso é tão valiosa. O Soprasasso Amarone é ideal para acompanhar uma maminha assada na cerveja preta, um bife a rolê, uma lasanha de berinjela ou queijos duros.

Soprasasso Valpolicella Amarone DOCG 2013 750 mL

Ripasso de Valpolicella: resgate de um vinho tradicional do Vêneto

Nas últimas décadas, renasceu no Vêneto um movimento de diversos produtores de Valpolicella de resgatar um método ancestral de produção de vinhos na região, o Ripasso. Esse movimento foi tão forte que, em 2009, o vinho ganhou seu próprio DOC, o Valpolicella Ripasso.

Em italiano, Ripasso significa “passar de novo”, e dá nome à técnica que leva os lotes recém fermentados do vinho Valpolicella a passar uma segunda fermentação junto com o bagaço (cascas de uvas, sementes e leveduras) do vinho Amarone ou do Recioto.

O resultado é surpreendente: vinhos mais complexos, mais ricos e mais alcoólicos do que o Valpolicella Classico, com uma cor profunda.

E os preços dos Ripassos costumam ser mais atraentes dos que dos seus vinhos irmãos!

O vinho tinto Soprasasso Valpolicella Ripasso DOC surpreende por seu caráter mineral e delicado. Feito das uvas Corvina Veronese, Corvinone e Rondinella, ele chega a 14% de álcool e é um vinho de guarda. Perfeito com carne e assados!

Vinho Soprasasso Valpolicella Ripasso DOC 2014 750 mL

Por Marina Leal

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