Conheça os cinco B’s da Itália: Barolo, Barbaresco, Barbera, Brunello e Bolgheri

Para quem ainda está dando os seus primeiros passos no mundo do vinho, a expressão “os B’s da Itália” pode parecer um pouco incomum. Afinal, o que seriam esses tantos B’s que a Itália tem?

“Os Bs da Itália” é como chamados os cinco principais e mais importantes vinhos produzidos no país, todos com nomes que começam com a letra B: Barolo, Barbaresco, Barbera, Brunello e Bolgheri. Na matéria de hoje vamos falar sobre as características das regiões italianas que produzem esses vinhos e sobre cada um deles individualmente.

O Piemonte: o Barolo, o Barbaresco e o Barbera

Piemonte é uma importante região vitivinícola da Itália que fica no noroeste do país, na divisa com a França, rodeada pelos Alpes. Para se ter uma ideia da tradição da região, os vinhos produzidos no Piemonte são tão importantes e conhecidos como os da Borgonha.

Outra característica em comum com a região francesa é que Piemonte é divido em rígidas denominações de origem – algumas das mais importantes da Itália – e, cada uma delas, em pequenos vinhedos que se assemelham a jardins. O peso do Piemonte na produção total de vinho com denominação de origem na Itália é enorme: 17% de todo o vinho DOC e DOCG italiano é produzido apenas nessa região.

O nome do Piemonte significa, literalmente, “aos pés da montanha”, localização geográfica que influencia tanto no seu clima subalpino quanto o seu idioma, o dialeto piemontês, bastante influenciado pela língua francesa.

A legislação dos seus DOCGs locais é bastante rígida e regula, inclusive, a altitude na qual podem ser cultivados os vinhedos para a produção de seus vinhos.

Os dois principais vinhos piemonteses, o Barolo e o Barbaresco, são produzidos a partir da uva Nebbiolo que, junto com a Sangiovese e a Barbera, formam o trio das mais importantes castas italianas.

A Nebbiolo é uma uva que produz grandes e importantes vinhos, com estrutura e qualidade, muitos taninos e feitos para guarda. É uma uva de difícil cultivo e que só rende bons frutos na região piemontesa. Essa cepa exige muita atenção e cuidados e, por dar origem a vinhos fortes, tânicos e concentrados, precisa ser domada tanto nos barris de envelhecimento quanto já na garrafa por anos, se não por décadas.

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O clima subalpino do Piemonte é caracterizado por uma estação de cultivo muito quente e um inverno muito frio. Na época de maturação, os vales e montanhas do Piemonte se enchem de neblina, chamada “nebbia” em italiano, que cobrem os vinhedos da Nebbiolo e de onde foi emprestado o seu nome.

No entanto, o que torna a região tão interessante é que cerca de 95% dos vinhedos são cultivados em declive, cada um com diferentes altitudes e características, formando mesoclimas diferentes.

Os nomes do Barolo e do Barbaresco foram retirados de pequenas cidadezinhas no entorno dos seus vinhedos. Vamos falar a seguir um pouco desses dois dos mais imponentes vinhos italianos.

Barolo

Os vinhedos de Barolo ocupam cerca de 1.700 hectares e são 50 metros mais altos do que os do Barbaresco. São 11 comunas que podem produzir vinhos desse DOCG, que precisa passa obrigatoriamente por três anos de envelhecimento entre barril e garrafa, e cinco para o Riserva.

A região do Barolo possui dois tipos de solo diferentes: o solo calcário, que produz vinhos ligeiramente menos tensos e com mais fragrância, e os solos helvéticos, com mais arenito e menos férteis, que produzem vinhos mais carnudos e concentrados, exigindo envelhecimento mais longo.

Na região de Barolo também se plantam pêssegos e avelãs, o que influenciou a indústria de chocolate da região, principalmente duas das mais famosas marcas mundo à fora: Nutella e Ferrero Rocher.

Esse delicioso Ricossa Barolo DOCG é de cor rubi e tem sabores intensos de cereja cozida, especiarias e flores. Um vinho muito elegante!

Vinho Tinto Ricossa Barolo DOCG 2014 750 mL

Barbaresco

Mais elegantes do que os vinhos de Barolo, os Barbarescos são vinhos mais acessíveis e que também pedem menos guarda. O Barbaresco é um vinho tânico que precisa envelhecer, mas costuma ser menos encorpado do que o Barolo.

Ele só pode ser produzido em três comunas, Barbaresco, Treiso e Neive, e possui apenas duas denominações: Barbaresco e Barbaresco Riserva. Além delas, os rótulos podem conter o nome do vinhedo que deu origem ao vinho em questão.

Os vinhedos do Barbaresco ocupam 680 hectares, menos da metade da área dos vinhedos do Barolo, e são um pouco mais baixos e quentes. A colheita da Nebbiolo costuma ser feita mais cedo e os vinhos produzidos lá precisam de dois anos de envelhecimento em barril e garrafa, e quatro para o Riserva.

Esse Ricossa Barbaresco DOCG contém aromas intensos de flores, incenso, couro e chão de floresta. Perfeito para acompanhar um risoto finalizado com trufa, massa ao molho de cogumelos ou queijos maturados.

Vinho Tinto Ricossa Barbaresco DOCG 2014 750 mL

Barbera

Barbera também é o nome de um vinho emblemático do Piemonte, mas seu nome vem da uva da qual é feito. A Barbera é a segunda uva tinta mais importante da região, mas a mais cultivada. É uma vibrante, que às vezes produz vinhos rústicos, mas com toques de sabores frutados, e que envelhecem em novos barris de carvalho.

Os dois Barberas mais conhecidos recebem após o nome da uva, o nome da região onde foram produzidos: Barbera d’Asti e Barbera d’Alba, sendo Barbera d’Asti é o mais importante vinho feito da uva.

Em Alba são colhidas as raras trufas brancas, que influenciam bastante o terroir. As trufas fazem parte da gastronomia local e os pratos feitos com essa iguaria costumam ser servidos acompanhados dos vinhos típicos do Piemonte. Veja aqui a receita do prato típico da região, o Tajarin com trufas brancas, manteiga e cogumelo porcini desidratado.

Além de uma excelente estrutura e equilíbrio, esse Vinho Tinto Ricossa Barbera d’Asti DOCG possui um excelente custo-benefício!

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Vinho Tinto Ricossa Barbera d’Asti DOCG 2017 750 mL

Brunello di Montalcino

Até a década de 1970, Montalcino era uma das mais pobres vilas da região da Toscana. No entanto, hoje o vilarejo se tornou origem de um dos vinhos mais famosos do mundo: o Brunello di Montaldino.

Como a região é montanhosa, possui um clima mais moderado que o do Norte, e conta com verões quentes e secos, e solos mais rochosos e menos férteis.

O Brunello di Montaldino precisa passar por dois anos de envelhecimento obrigatório, mas o vinho só pode ser comercializado após cinco anos, ou seja, depois do barril ele também envelhece na garrafa. Os Brunellos são feitos a partir de um clone da Sangiovese, uma das mais tradicionais castas italianas, a Sangiovese Grosso.

Montalcino foi a primeira região italiana a ganhar o chamado “DOC Júnior”, expressão cunhada por Hugh Johnson e Jancis Robinson, e que se refere à um vinho que foi autorizado a ser comercializado com apenas um ano de idade: o Rosso di Montalcino, feito com a mesma casta r na mesma região.

Indicação Grand Cru de Brunello é o tradicional e formidável Talenti Brunello di Montalcino DOCG. Um vinho elaborado pela vinícola Talenti, uma das mais gloriosas casas de vinho da Toscana e responsável por exemplares cobiçados por entusiastas do mundo todo.

Vinho Tinto Talenti Brunello di Montalcino DOCG 2014 750 mL

Bolgheri

Bolgheri, sub-região da Toscana, foi o epicentro de uma revolução no mundo do vinho italiano!

A Itália sempre foi um país muito tradicionalista e, até pouco tempo atrás, os órgãos reguladores não permitiam que os vinhos produzidos com castas internacionais, tais quais Cabernet Sauvignon e Merlot, não fossem vendidos com indicação de origem Toscana em seus rótulos.

Até que um enólogo chamado Marchese Mario Incisa della Rocchetta resolveu produzir um vinho com corte bordalês, de Cabernet Sauvignon e Merlot. O resultado foi um vinho inovador, com estilo de Boreaux, mas feito na região de Toscana.

A Toscana fica próxima ao mar, fazendo com que receba muita influência marítima, e é exatamente aí que está a sua semelhança com Bordeaux. Embora não tivesse sido produzido para ser comercializado, esse vinho foi ganhando fama e admiradores, e começou a ser vendido sem a denominação de origem da região.

O vinho ganhou tanto valor que começou a ser vendido à um preço mais alto que os DOCs e DOCGs da Toscana, fazendo parte do grupo de vinhos que passaram a ser chamados Supertoscanos.

Hoje a sub-região, que era considerada apenas mais uma que integrava a grande região da Toscana, é conhecida e reconhecida pelos vinhos Bolgheri.

Poggio al Tesoro Il Seggio DOC Bolgheri 2015 é ideal para quem conhecer a tipicidade dos vinhos da região Toscana de Bolgheri.

Vinho Tinto Poggio al Tesoro Il Seggio DOC Bolgheri 2015

Os Bs da Itália: vinhos de guarda

De todos os cinco tipos de vinhos que citamos nessa matéria, o Barbaresco, Barolo, Brunello e Bolgheri Superiore são considerados vinhos de guarda. Ou seja: vinhos que precisam ser envelhecidos para atingirem o seu potencial máximo!

No entanto, é comum que os admiradores dos clássicos vinhos italianos acabem adquirindo safras mais recentes dos seus rótulos prediletos, e queiram degustá-los antes do seu tempo total de guarda.
O que fazer quando vamos abrir um vinho de guarda antes do tempo?

O primeiro passo é procurar a safra mais antiga para comprar. Os cuidados seguintes são na hora do serviço: abra a garrafa de vinho e deixe que ela respire durante uma hora a uma hora e meia. Após esse tempo, decante e sirva. No caso de um vinho de guarda, você pode escolher servi-lo mais para o final do jantar, deixando-o respirar durante a refeição.

Esse procedimento é muito importante para amaciar os taninos que, caso contrário, estarão menos adstringentes, mas não compensa os anos de guarda da garrafa que ficaram faltando.


Por Marina Leal.

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